O filho do pai
1º Acto
Numa sala do sombrio palácio, um pai diz para o filho: - "Filho, faz um curso de Internet. Não te esqueças! Lembra-te do chic tecnológico"
Numa sala do sombrio palácio, um pai diz para o filho: - "Filho, faz um curso de Internet. Não te esqueças! Lembra-te do chic tecnológico"
2º Acto
Sou de uma terra onde, orgulhosamente, dizemos coElho, orElha e vermElho e, só por ser de Coimbra e falar tão mal em Lisboa, sofri até alguns "gozos juvenis" porque os meus amigos (e amigas) diziam coAlho (leia-se coeilho), orAlha (leia-se quase oreilha) e vermAlho (leia-se quase vermeilho), ou melhor, encarnado. Mas o que lá vai, lá vai! Estão perdoados (e perdoadas).
Inegável é o facto de toda a minha família falar assim e todos sabermos que falamos bem. O que nós não sabíamos é que estivemos, durante tantas gerações, em perigo de sermos todos presos pela PIDE e, sabe-se lá, sujeitos ás mais infernais torturas... tipo, dizer encarnado cem vezes.
Só recentemente (hoje, por acaso) descobri que no tempo do Fascismo (leia-se fascismo tipo soares, sem a tónica no fá) " até a designação da côr era proibida. Mesmo no Benfica tinha que falar-se de encarnados. Vermelhos só os comunistas e eram proibidos, não se podia falar deles." ... Imagine-se!
Coitado do meu Avô, Deus o tenha que eu não sou ateu, quase à beira do cárcere por dizer que a bandeira de Portugal (a da república) era verde e vermelha.
Ainda bem que há pessoas assim, amantes da cultura, da prosa e da poesia, bem informadas e sempre prontas a ajudar o próximo a não ser preso pela PIDE. Obrigado! Muito obrigado!
3º Acto
Oh pai, oh pai... eu passei no curso, eu passei no curso! Agora quero uma página na internet! Eu quero uma página na internet! Oh pai, eu quero uma página na Internet!
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